Eu gosto do silêncio. Daquele tipo em que você só ouve o barulho do vento, o som das ondas ou farfalhar das folhas. Se for de manhã cedinho, dá para escutar os passarinhos, das mais diferentes espécies, desejando um bom dia ou disputando comida. Cada dia a cantoria é diferente.

Eu gosto do silêncio. De quando eu sequer escuto a minha voz. São em momentos assim que eu sinto uma profunda paz.

Pelo menos uma vez ao ano eu gosto de viajar sozinha. Ou melhor, eu preciso viajar sozinha. Ter apenas a minha companhia. São nessas oportunidades que eu me desconecto da minha realidade e embarco em outra, com outros sons, cores, pessoas, texturas. É através dele, do silêncio, que eu enxergo o outro e me alimento, cresço. Chego a ficar sentada por horas em um lugar qualquer, apenas observando as pessoas passarem. Perceber a incrível variedade de expressões que um ser humano é capaz de ter é encantador. São vários tipos de sorrisos, de afeto, de amizade, de abraços. 

O silêncio é poderoso. Se para algumas pessoas ele é sinônimo de solidão, para mim ele é companhia. Ao seu lado eu consigo enxergar quem realmente sou, sem interferências, sem pressões, sem máscaras. E para mim, não tem nada mais libertador do que isso. 

E você? O que o silêncio representa para você?

Depois de dez anos resolvi retomar o meu blog. A vontade de voltar a escrever estava ficando insuportável. Por mais que eu ignorasse, seja por preguiça, por medo de me expor, a vontade vinha, cada vez maior. Parecia que o Universo estava "gritando" e jogando na minha cara que eu não podia mais fugir. Então comecei a escrever umas coisinhas, para desenferrujar. Pensei em publicar, mas quando eu olhei para o texto eu disse "Não! Muita exposição!" Tinha muito de mim nos textos. Dificilmente os outros me enxergariam naquelas linhas, mas eu me via, nua e crua. Tendo que lidar com questões para as quais eu ainda não estava pronta. Era engraçado porque eu pensava em começar a escrever sobre uma coisa, mas no final aparecia outra, como se fosse psicografia. A escrita tomava vida e definia o rumo da conversa e não eu. Por isso dei um tempo, de novo,  mas a vontade voltou. Só que mais forte. Então eu escrevi um livro (um antigo sonho), grande o bastante para gastar letras. Pensei que depois disso essa força se acalmaria dentro de mim, mas estava enganada. Palavras e sentenças começaram a pipocar na minha mente implorando para serem colocadas para fora, para o mundo. Fui  então para os textos curtos, facilmente editáveis, escrevendo em homenagem as pessoas que eu amo (um terreno mais seguro), tornando-os públicos no Instagram. Mas inquietação acabou? Não!

Então a idéia de um blog veio a mente. Acho que ninguém mais tem blog hoje em dia. Dizem que as pessoas não têm tempo para textos longos, que as mensagens precisam ser curtas. Se tiver foto e vídeo, melhor ainda. Então pensei, porque não? Ir contra o sistema é a minha natureza. Investir em uma ferramenta desacreditada me deu ânimo. Gosto de ser do contra. Gosto de pensar que existem sim pessoas que gostam de se aprofundar sobre assuntos específicos, trocar conhecimentos,  interagir de uma forma mais profunda. Fiquei surpresa quando ao buscar uma ferramenta para criar o meu blog e clicar na primeira opção disponível, ver surgir na tela do meu computador o meu antigo blog. Como um passe de mágica. Como todos os textos que eu tinha escrito há mais de 10 anos!!!  Eu não podia acreditar! Mas era o tal do destino, que falei no inicio. Não tem como escapar dele. Ele força a barra até com os mais lentos, como eu. Que presente ler e ver como eu me sentia naquela época, com as minhas inquietações e os meus medos! Ao ler tudo aquilo, fiquei com a sensação de que tudo mudou, mas que muita coisa permaneceu igual. Alguns medos e bloqueios foram superados, estou mais velha, tenho dois filhos, CONTUDO as inquietações, a necessidade de sair da rotina, de me desafiar e de escrever, permaneceram as mesmas. 

Sou Sagitariana, inquieta por natureza, e escrever é a forma que eu tenho de me entender e de me comunicar com o mundo. Com o meu mundo. Se essas palavras chegarão a outras paragens, só o tempo vai dizer. Mas retomar aquilo que nos faz bem, o que acalenta a nossa alma, o que nos ajuda a racionalizar é uma dádiva. 

Por muito tempo eu me perdi, mas posso dizer que agora encontrei meu caminho de volta. Por quanto tempo permanecerei nessa trilha, não sei dizer. Mas com certeza eu irei aproveitar cada minuto da jornada. 

A você que lê essas linhas, espero esse seja um espaço de trocas. Espero também que você encontre aquilo que te move, que faz seu coração bater forte e que desperte o que tem de melhor em você. Como eu encontrei.