By Paloma Weyll - novembro 17, 2020

Me lembro exatamente do dia em que tirei essa foto. Eu fiquei paralisada, para não dizer extasiada com a beleza daquela mulher e do seu filho. Eles destoavam totalmente daquela Lima urbana, com turistas e locais circulando freneticamente de um lado para o outro com sua roupa da moda. Parecia que eles tinha saído de um livro, daqueles que contam histórias dos incas, com suas vestes e costumes que começaram a ser esquecidos pela modernidade.

Essa imagem aqueceu meu coração. Era como se, apesar de todas as mudanças, de todas as evoluções que nos distanciam cada vez mais da nossa essência e da nossa história, eu tivesse encontrado um foco de resistência. Alguém que apesar de tudo, continuava a tocar a vida como seus antepassados.

Claro que eu provavelmente devo estar viajando, criando suposições pouco realistas. De repente essa mulher trabalhava com informática, ou em um banco e estava ali esperando pelos seus pais. Ou por acaso pegou a primeira roupa que viu na estante e saiu apressada com o filho, sem se preocupar com a imagem e estivesse bem longe desse sentimento de resistencia ao qual me apeguei.

Mas eu escolhi não pensar nisso, porque ela me trouxe lembranças tão boas. Das coisas que meu avô e meus pais falavam e eu, adolescente, dava pouca importância. De como a vida deles era diferente, a infância, os costumes. E comecei a recordar da minha infância e de como ela se difere da dos meus filhos. Em um piscar de olhos, eu assumi o lugar dos meus pais. De um dia para o outro. E comecei a ter saudades de um tempo que não volta mais.

Como é que uma simples foto pode expressar tantas coisas e trazer a tona tantas emoções?

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