- Instituições técnicas são desmontadas para sustentar mentiras de políticos que querem se eleger;
- O governo acabou de fechar um contrato caríssimo com uma empresa francesa (em detrimento de outra alemã) para construções de navios, só por que a primeira aceitou uma parceria com uma grande empresa brasileira;
- Hoje, quase todos os políticos desse meu Brasil têm mestrado e doutorado sem nunca terem frequentado ou concluído os cursos. Me pergunto, por que estudei tanto?
- Se algum político resolve levantar o assunto de Sarney no Senado, é fortemente condenado por outros.
- Os assuntos sobre os atos secretos estão perdendo força, algumas pessoas exoneradas foram readmitidas;
- A UNE, antes reduto da resistência, é totalmente pró-governista.
- Um jornal criticou Sarney e foi censurado. Sarney fez um longo discurso e se disse vitima de perseguição, tal qual aconteceu com os judeus durante o nazismo. Se eu fosse os judeus eu protestava. É desmerecer demais um fato histórico tão sério.
Ha mais ou menos um ano atrás eu fui ao show do Scorpions aqui no Rio. Conhecia algumas músicas, mas aprendi a gostar mesmo com o meu pai. Me lembro que achei super engraçado na época, pois as pessoas mais jovens no HSBC Arena era eu e meu marido. Por todo lado, só se via “tiozão”, vestidos à caráter (ou tentando se vestir de uma forma mais descolada). Tinha um grupo de amigos bem ao meu lado, na faixa dos 55 a 65 anos, que estavam relembrando a época da juventude. De repente, um deles disse aos demais que tinha “baixado” todas as músicas do grupo no computador. Nenhum dos presentes entendeu. O amigo teve que explicar, enfatizando que aprendera aquilo com um professor de informática particular e que eles deveriam tentar.
Conto esta história pra vocês porque na época eu fiquei um pouco assustada com o fato de pouquíssimos jovens gostarem do Scorpions. O local estava tão vazio, que quem tinha comprado ingresso para o local mais barato e longe (eu), foi convidado para ir para pista (um presente dos Deuses!!). Já ontem, no show do Paralamas, o cenário foi totalmente diferente. Quando eles iniciaram o grupo meu marido tinha 4 anos de idade e eu sequer sonhava com a idéia de um dia viver nesse mundinho complicado. Acho que meus pais nem tinham se conhecido... O espaço do Citibank Hall estava dividido ao meio. Para a frente, mesas e cadeiras onde estavam as pessoas mais velhas que, provavelmente, devem ter acompanhado o surgimento da banda. Do meio para o fim era a pista, onde estavam os jovens como eu (??). Coloco esses dois pontos de interrogação por que me senti uma velha. Não que eu devesse ficar no espaço reservado para as mesas, auto lá! Mas ao meu redor só tinha pré-adolescente e adolescente, altamente paramentados para o show. Eles tinham uma energia absurda! Cantavam todas as músicas a plenos pulmões e se acabavam como se fosse o último dia de carnaval em Salvador. Eu, por outro lado, tentava acompanhar. Meio que sedada por uns remédios de alergia que estou tomando, me obriguei a reagir! A ajuda veio quando Hebert tocou a música, Meu Erro. Eu não sei ao certo em que ano essa música foi composta. Mas muito provavelmente acredito que tenha sido bem antes da maioria daquela rapaziada entender o que é o Paralamas. Essa música embalou a minha adolescência e muitas das minhas inúmeras crises amorosas. Nessa hora, eu tirei o pé do chão! Esqueci sonolência, esqueci alergia e me entreguei àquele som enlouquecedor em uma roupagem totalmente nova.
Naquela hora, olhando à minha volta, entendi na prática o real conceito de uma banda atemporal.
Meu marido disse que é besteira da minha cabeça. Que simplesmente estou diferente já que estou com um aplique e maquiagem (coisa rara de se ver). Sei não... Por precaução, resolvi tirar. Depois, quando meu tico e teco entrarem em acordo, posso até colocar de novo. Enquanto isso, prefiro deixar a foto do meu pé.
Hoje, voltando da academia eu passei em frente a um grupo de jovens, na faixa dos 25 a 28 anos, que estavam saindo de uma dessas igrejas e se dirigiram ao ponto de ônibus. Como eu tive que esperar o sinal fechar, não pude deixar de ouvir parte da conversa. Um dos rapazes falava sobre o Candomblê: “Não é uma religião. É uma entidade do caos. Assim como outras tantas pseudo-religiões”. Fui tomada por diversas sensações ao ouvir aquilo. Primeiro dei risada pela criatividade do cara. Fiquei tentando entender o que é uma “entidade do caos”. Mas depois a ficha caiu e eu fiquei preocupada. Ultimamente, para onde eu olho tem alguém atacando alguma religião ou um costume. Estamos em pleno século XXI, mas a minha impressão é de que estamos revivendo a Idade Média, com a sua Caça às Bruxas. Estamos regredindo....
No final da Idade Média o teocentrismo deu lugar ao antropocentrismo. Antigas religiões, como o Judaísmo e o Islamismo passaram a ser consideradas satânicas. Isso por que surgiam rumores de que “forças malígnas” queriam destruir os reinos cristãos. Pura balela. A Igreja Católica perdia cada vez mais seguidores e esse discurso serviu para convencer os reis a apoiar a caçada. Devo frisar aqui que eles, os reis, estavam muito mais preocupados em perder suas terras do que na expansão do catolicismo. Não é a toa, que um deles iria romper mais tarde com a Igreja Católica simplesmente porque ela não estava adequada às suas necessidades.
Assim, inicia-se um período negro da história onde inúmeras pessoas, a maioria mulheres, foram queimadas em fogueiras por não abrirem mão da sua crença. Bem, vocês devem estar se perguntando por que eu estou falando isso. Acho que esses jovens do ponto de ônibus devem ignorar que foi graças a esse período vergonhoso da história que a tolerância religiosa voltou a existir e foi possível o surgimento de novas formas de expressão para a fé.
Por ironia do destino essa liberdade, que fez com que essas novas igrejas surgissem, trás movimentos irracionais. Algumas igrejas tentam cooptar novos integrantes agredindo outras religiões. Utilizam o mesmo discurso que a Igreja Católica utilizou na Idade Média, só que repaginado: “Apenas na nossa religião Deus fala direto com o pasto”; “apenas a nossa religião é a verdadeira”; “Yoga é expressão do demônio”; etc. Mal sabem elas que, no fundo no fundo, elas estão colocando em xeque aquilo que torna possível a sua existência: a diversidade e tolerância.
Eu não estou aqui levantando nenhuma bandeira. Como disse Nizan Guanaes, eu sou Católica Apostólica Baiana (Tradução: sou uma mistura de todas as religiões). Mas fico realmente triste com essa lavagem cerebral. Fico mais triste ainda por que achava que ela apenas atingia pessoas menos esclarecidas. Isso é mentira. Infelizmente, uma pessoa bem próxima a mim entrou nessa e está se afastando. Está perdendo seu referencial , enquadrando as coisas em uma lógica irracional de certo e errado.
Como um “prenúncio do caos” (desculpem, mas tenho que tentar manter meu humor elevado diante de tudoisso) toda vez que penso nisso, me vem à cabeça a música da banda The Fray - How to save a life.
Ontem eu estava pedalando com meu marido no Aterro do Flamengo, aqui no Rio de Janeiro. Parecia um dia de verão. 31 graus, um calor divino, céu claro e, para completar, uma paisagem fantástica: O Pão de Açúcar e a baía do próprio aterro. Eu simplesmente não tenho como me cansar dessa vista.
As minhas pedaladas eram movidas à música baiana. Doses cavalares de axé que já estão me deixando em ritmo de carnaval. Em uma das nossas paradas para o descanso, comentei com meu marido que queria ir a um ensaio em Salvador, tipo os que eu costumava ir na minha adolescência (nos antigos Baronda e Barracuda), tranquilos e com espaço de sobra para dançar. Para minha surpresa, meu marido mandou eu voltar para o planeta Terra, uma vez que não existem mais ensaios como aqueles....
Fiquei arrasada, é óbvio. Tive que sair da minha terrinha para ter de novo a vontade de badalar. Caí na real e percebi que ficaria na vontade. Hoje os tempos são outros. Ainda que houvessem lugares como os que eu frequentava antigamente, as pessoas já não são as mesmas. A forma de se vestir, de se comportar, de dançar, tudo mudou! Até a música. Realmente eu não me vejo dançando os pagodes atuais. Tenho até vergonha de citar o nome de uma música.
De repente, me senti velha. Mas ao mesmo tempo, senti pena dos que não conheceram aquela época.
Nossa, como é terrível sentir saudades de um tempo que não volta mais......
depois de mais de uma semana mergulhado de cabeça no coração da África, encontrei este cyber café aqui em Jinja, interior de Uganda e em frente à foz do rio Nilo...e vos escrevo pra dizer que estou maravilhosamente bem...
meus dias aqui na África estão sendo absolutamente fantásticos ! ! ! ... depois de passar uns dias na casa de um refugiado congolês nos subúrbios pobres de Nairóbi, fui parar nem sei direito como na remota tribo dos massais no kenya, onde passei dias correndo atrás de girafas, zebras e antílopes, com lanças e espadas e vivendo a vida tribal dos caras, dormindo em ocas, etc...e entre outras aventuras pelo kenya, terminei em grande estilo, fazendo um safári de bike com um amigo meu massai num parque nacional lindíssimo...
tô muito roots, andando há uma semana enrolado em cangas coloridas e carregando um cajado e uma espada de aço...e só sei que desde que cheguei na África, não vi NENHUM muzumgo (white man) além de mim...
ah, e hoje no meio de tudo coloquei uma criança na escola...É uma longa estória, mas, resumidamente, depois de passar o dia passeando por um vilarejo aqui de Uganda com um menino que, entre outras coisas me apresentou a sua família paupérrima, e de por acaso visitar uma escola publica e falar com o diretor, acabei que paguei pela matriculas, mensalidades e todas as despesas do menino ate o fim do ano, e me comprometi a, se ele me mandar o boletim dele, continuar pagando pelos próximos anos...
mas o melhor de tudo é que aqui na África to conseguindo por em pratica a viagem que sempre idealizei...hoje ficarei em hostel pela segunda vez desde que pisei no continente, todos os outros dias dormi e comi na casa de locais, gastando uns 2-3 dólares por dia, o que me permitiu a cada dia distribuir meu daily budget entre as pessoas que me hospedaram, alimentaram, etc...to muito feliz com isso, de conseguir estar vivendo grandes aventuras e realizando uma viagem de profunda imersão no continente africano, absolutamente não turística, e de forma totalmente sustentável, transferindo 80% dos meus gastos pra africanos pobres... e aqui com quase nada vc faz uma substancial diferença na vida das pessoas...esse amigo meu congolês, por exemplo, com 12 dólares paguei o aluguel mensal da casa da família dele, esse menino com 40 dólares garanti um ano escolar pra ele numa escola super legal, hoje dei 2 dólares pra uma mulher que me convidou pra conhecer a casa dela e ela se ajoelhou e quase chorou...
podia escrever horas sobre essa minha primeira semana aqui na áfrica, to realmente muito contente por tudo aqui estar superando minhas melhores expectativas...mas to escrevendo mesmo pra dar um sinal de vida, pois essa noite passei fazendo 4 baldeações pra atravessar do kenia pra Uganda durante a madrugada e andei o dia inteiro visitando dezenas de casas de agricultores, missões, escolas, etc., numa vila aleatória aqui no interior de Uganda...
tenho encontrado pessoas incríveis e fascinantes a cada dia que me apresentam a outras e de conexão em conexão vou penetrando aos poucos na alma da África... tenho arranjado contatos incríveis e, semana que vem, depois de prestar minhas homenagens às vitimas do genocídio de Ruanda e de sei-la-o-que-me-espera no Burundi, vou visitar um garimpo de diamantes e os pigmeus nas selvas do congo com o irmão de um amigo, um campo de refugiados na Tanzânia onde mora o tio de outro amigo que fiz aqui, tentar arrumar uma forma afordable de subir o kilimanjaro e então espero minha linda cris chegar em Dar Es Salaam pra mais uma lua-de-mel em grande estilo...
ta bom, um parágrafo sobre os dois melhores amigos que fiz no Kenya...
Alex Alembe. Tava no ultimo ano de engenharia em Uvira, sua cidade no Congo. Certa noite uma milícia invadiu sua casa. Mataram sua mãe e sua irmã mais nova, mas ele conseguiu fugir pela janela. Foi parar num campo de refugiados na Tanzânia, onde ficou por 4 anos, se casou com uma tanzaniana e teve 3 filhos. Se mudou pra um subúrbio de Nairóbi e passou os últimos anos trazendo ouro e diamantes de garimpos no Congo e revendo em outros países da East Africa. Conseguiu construir uma casa confortável, e nela alojar sua família e vários órfãos. Voltando de uma de suas viagens, assaltaram o ônibus onde estava e levaram suas maletas com tudo seu, dinheiro, diamantes e passaporte. Perdeu tudo. Se mudou com toda a família pra um casebre de 12m2. Mesmo assim, continua levando a cabo 3 projetos sociais, dando café da manha pra 20 crianças, amparando viúvas de vitimas de Aids e organizando um futebol todas as tardes. Ta juntando tudo o que pode pra se candidatar pra deputado provincial no congo nas próximas eleições. TIA. This is Africa.
Leonard. Massai cuja mãe me hospedou em sua casa em Iwatso Ogindong. Tava no ultimo ano de administração na universidade de Nairóbi. Depois de 3 anos de seca na terra dos massais, teve que largar a faculdade pra levar o gado que sobrou de sua família pra melhores pastagens. Andou 8 dias por 500 km levando 100 cabeças atravessando cidades, inclusive passando pelo aeroporto de Nairóbi. Luta pra preservação da cultura massai e sonha em casar com uma americana, de preferência gorda. Me batizou com um nome massai, Lemaya. Seu irmão, Brain, tem 20 anos e é respeitado na tribo. Aos 14 matou um leão e assim atingiu a maturidade. Aos 15 se casou com uma menina de 12 e outra de 13, que seus pais escolheram. Me deu sua espada de presente. TIA. This is Africa.
Fui.
Mamãe, desculpa não te ligar ha tanto tempo, farei o máximo pra fazê-lo amanha de Kampala, capital do pais...
Cris, te escrevo em seguida...
Johnny, boa Rússia pra ti, irmão! Russia Haracho! Russia Kracivaia!
beijos,
Gabriel”