De volta!

By Paloma Weyll - dezembro 04, 2009

Sei que fiquei um bom tempo sem aparecer por aqui. Me perdoem. Mas é que tem acontecido tanta coisa (boa) na minha vida ultimamente que não tem dado para parar e escrever. Tenho tido inúmeras idéias, redigi inúmeros rascunhos, mas simplesmente não tenho força para revisá-los. Acho que isso é bom, né?! Sinal de que as coisas estão entrando no eixo.
Hoje eu recebi esse texto que fala sobre relacionamentos. Me vi nele em inúmeras passagens. Compartilho com vocês pois essa foi a primeira vez que achei um texto sobre relacionamentos bom. Não é piegas e vai direto ao ponto. Ah! Ainda tem um diferencial: Foi escrito por um homem: Ivan Martins. Espero que vocês gostem.



Por trás do pé na bunda

O fim dos relacionamentos é a grande questão da vida afetiva moderna

IVAN MARTINS 
É editor-executivo de ÉPOCA

O escritor argelino Alberto Camus disse que o suicídio era a grande questão filosófica do nosso tempo. Parafraseando, eu diria que o fim dos relacionamentos é a grande questão da vida afetiva moderna: por que as pessoas se separam? Por que tantos de nós fracassam em manter relações estáveis e duradouras? Por que num mundo repleto de possibilidades de encontros há tanta gente sozinha?

Nos últimos dias, como num filme, tive duas ocasiões para pensar concretamente sobre isso.

Na primeira ocasião, dei de cara numa festa, inesperadamente, com uma ex-namorada de enorme importância. Ela estava com um homem mais alto, mais jovem e mais bonito do que eu. Parecia feliz. Dias depois, encontrei num restaurante outra das poucas mulheres que marcaram a minha vida - dessa vez com a família, a mesma que eu costumava freqüentar.

Rever essas duas mulheres, vê-las seguindo tranqüilas o fluxo da própria existência, me fez pensar sobre o que havia levado, nos dois casos, à separação. A conclusão, simples e chata, é que não aconteceu nada realmente espetacular. Não houve crime, traição, abandono, tragédia, fatalidade, drama, gritos, morte, nada. Se eu tivesse de apontar a causa mortis diria... O que eu diria mesmo? Não sei.

Sei que as pessoas parecem se cansar umas das outras. Elas enjoam. Perdem o interesse. Elas se distraem, desafinam entre si. Não sentem mais tesão e logo deixam de sentir alegria. O outro deixa de ser uma surpresa cintilante para se tornar uma repetição. O sonho empalidece, os planos nublam, chove. Quando se perde o amor, chove.

Quando a gente fala dessas coisas é comum que as pessoas perguntem: quem acabou, você ou a fulana? Isso costumava ser a coisa mais importante do mundo. Afinal, quem leva o pé na bunda carrega o ônus (formal) da rejeição. Dói e às vezes dói muito. Mas hoje, de uma perspectiva mais experiente, isso me parece de importância secundária. Não interessa a quem cabe o gesto final - o fato importante é que acabou. Os dois perderam, de novo, a oportunidade de serem felizes. É uma espécie muito concreta de fracasso que muitos de nós experimentamos seguidamente.

Outro dia, almoçando com um amigo na Vila Madalena, ouvi a versão resumida (com sotaque carioca) do drama das relações adultas. “Homem não presta”, ele disse. Ponto final. É divertido, mas é bobagem. As mulheres já não são poços de virtude ou de paciência e, no geral, padecem do mesmo mal que afeta os homens: a insatisfação difusa e a falta de objetivos. O que eu espero do outro? O que eu quero para nós dois? Vai saber.

Da minha parte, eu tenho feito um esforço danado de entender o que nos separa. Já tive dois casamentos e, como dizem os mexicanos, o terceiro é o que conta. Estou me preparando: duas sessões de análise por semana, esta troca semanal com vocês (que ajuda imensamente a entender o que eu penso e sinto) e a exploração descarada da vida dos amigos – tudo que eles fazem me interessa, desde que venha contado em detalhes, desde que se possa aprender.
O que eu aprendi até agora? É pouco, mas eu divido:

1) Tem de ter compromisso. Estar com alguém vale a pena, ainda que seja uma pessoa por década, por ano ou por mês. Uma relação monogâmica ainda é o melhor jeito de aprender sobre o outro e sobre si mesmo. Mas exige atenção e dedicação.

2) Se tiver problemas, converse. Homens (com exceções notáveis) não gostam de discutir a relação. Está errado. Nós somos criaturas tão complexas, tão neuróticas e fundamentalmente tão infelizes que já é um milagre que convivamos socialmente sem nos matar o tempo todo. Como se vai dormir junto, comer junto e beijar a boca um do outro sem que pilhas de questões apareçam? Fale. A palavra salva.

3) Quando o sexo fica chato, paciência – e imaginação. Lembre que você teve a sorte de nascer no século 21 e que tudo (ou quase tudo) que você e sua parceira (ou parceiro) quiserem fazer, é permitido. Dentro e fora de casa. Se um vídeo da Sasha Gray não for o suficiente, há um mundo inteiro de possibilidades reais e imaginárias a seu dispor. Explorar é bom.

4) Quando o sexo ainda continua chato, escute, preste atenção na parceira. As mulheres, quando sentem que há espaço, são atrevidas e divertidas. Escute o que a sua mulher tem a dizer, sobretudo se ela falar baixinho ao seu ouvido.

5) Quando encontrar em público as pessoas que já foram importantes para sua vida, seja gentil. Você é o resultado direto da vida com seus parceiros. Do carinho, das risadas e dos gritos com eles ou elas. Isso é muito mais importante do que lembrar quem levou o pé no rabo.

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