Fechada para balanço
By Paloma Weyll - dezembro 21, 2009
Nesse fim de ano, me vi fazendo um balanço da minha vida. Mas acho que o motivo não foi o fim do ano em si, mas o fato de eu ter entrado na casa dos 30 (Sim, tenho 31 mas apenas agora, tecnicamente, entrei na casa dos trinta. Explico isso outro dia...). Sempre fiquei fascinada sobre como algumas pessoas mais velhas enxergam a vida de uma forma mais leve, sem os dramas e pesos que carregamos. Esse amadurecimento sempre me fascinou. O fato de eu ser capricorniana dificulta tudo. Muitas vezes fui guiada pela emoção, pura e simples. Ficava imaginando um futuro longínquo onde eu poderia olhar para atrás e dizer: Quanta energia gasta em besteira.
Bem, esse futuro longínquo ainda não chegou por completo, apenas em parte. Não quero generalizar e dizer que isso é algo que ocorre com todas as mulheres na casa dos 30, pois seria mentira. Conheço umas, que acham que ainda têm 20. Não se permitem curtir o momento ou enxergar a beleza dele. Comparando com o passado, vejo como sou uma pessoa bem menos ansiosa, mais articulada e menos determinista. Minha percepção sobre o outro mudou, bem como o quê esperar sobre ele. Antes, eu achava que me conhecia e me entendia enquanto pessoa. Hoje vejo como estava enganada. Agora, começo a entender cada célula do meu ser, meus limites, o que quero de verdade. Isso é libertador! É bem verdade que eu ainda não me conheço cem por cento, mas essa nova faceta de mim mesma, me alegrou.
Olho para trás e vejo que mudei muito. Em um certo momento, tive receio de não me reconhecer (que contradição!) e quase entrei em pânico. Tudo isso foi por água abaixo quando me reencontrei com os meus amigos da escola, em um churrasco. Naquela época, eu vivia brigando com um deles. Brigávamos (ou melhor, eu brigava com ele) por tudo. Porque ele via a minha nota baixa, porque ele enchia meu saco, por que ele fazia tal coisa ou não fazia. Uma vez, estávamos sem se falar e ele foi ao meu aniversário mesmo assim! Fiquei feliz! Não queria dar o braço a torcer e falar com ele primeiro. Assim, estávamos relembrando essas coisas e tentando entender o por quê de tanta briga. Eu não soube dizer o motivo, nem ele, e rimos disso. MAS, no meio do churrasco, eis que o cenário muda. Não sei dizer o quê aconteceu, mas me vi brigando com ele de novo! Tomei um susto e caímos na gargalhada! Passados 15 anos, está aí uma coisa entre nós que não mudou: Nossa amizade...
Tentei pensar em outras coisas que não mudaram em mim, com a chegada dos trinta, e encontrei uma lista enorme:
- Na maioria das vezes, continuo sem entender brincadeiras de duplo sentido;
- Ainda sou ingênua em certas coisas;
- Desconfiada em outras tantas;
- Continuo a ficar vermelha de vergonha quando alguém me perturba ou elogia;
- Continuo dando inúmeros foras com meus amigos (ainda bem que é só com eles);
- Ainda tenho a necessidade louca de viajar sem rumo e destino sozinha (e faço isso de vez em quando. Minha mãe achou que eu iria me acalmar. Ledo engano);
- Meu lado emotivo não desapareceu por completo.
- Salvo raríssimas exceções, ainda consigo manter o bom humor em épocas difíceis;
- etc., etc., etc.
Não sei se essas características sofrerão mudanças com o passar do tempo. No fundo, no fundo, espero que não. Pelo menos essas. Por mais que elas me gerem alguns problemas, percebi que são a essência do que eu sou. Acho até que me apeguei a elas. Que durante a passagem pelos 30 eu continue a entender que posso mudar sim, mas sem deixar de ser eu mesma.
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