Essa foto contém um símbolo de resistência. Uma palavra de 5 letras que começa a se perder no vocabulário local: Beijú.
Cresci comendo beijú, na maioria das vezes comprando em pequenos quiosques espalhados por Salvador. As placas bem grandes anunciavam os locais que vendiam essas delícias preparadas na hora. Feito de goma fresquinha, que tinha que ser consumida em um curto espaço de tempo, não era algo que pudesse ser feito em casa com frequência. Porque não era fácil achar a goma na cidade que, sem aditivos, estragava rapidamente
Para quem ainda não entendeu, o beijú é conhecido como Tapioca, nome da goma, e que hoje é encontrada em qualquer mercado do Brasil. De uns 10 anos para cá esse termo passou a ser empregado para se referi a essa iguaria também no nordeste e, por isso, fotos como essa são raras. Eu confesso que fico sentida (para não dizer sentimental) por perceber que o nome beijú está se perdendo, graças a um fenômeno tão natural: a necessidade que a língua tem de se adaptar a sociedade. Um movimento tão silencioso, e ao mesmo tempo tão belo, que mostra como a língua é viva, prevalecendo sempre aquelas palavras que melhor expressam a necessidade da maioria.
Mas eu sou parte da resistência! Porque acredito que um nome tão lindo como esse não pode sumir assim do nada. Me apego a ele com unhas e dentes, falando o nome original sempre que possível.
Que a palavra irá sumir no tempo e espaço é fato. Mas se eu puder adiar, só por um pouquinho, por que não?
E você? Tem alguma palavra na sua região que está caindo em desuso? Me conte aí nos comentários. Vou adorar saber.
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